quarta-feira, 29 de outubro de 2014

CONCLUSÃO DAS COMEMORAÇÕES DO JUBILEU DE OURO E O NOVO MUNDO DO YOGA





Esse mês de Outubro comemoramos um ano da Convenção Mundial do Yoga e o Jubileu de Ouro da Bihar School of Yoga. Conforme Swami Niranjanananda essa Convenção foi um marco para a tradição de Satyananda Yoga e muita coisa já está sendo trabalhado para as mudanças. Disponibilizamos para você o discurso de Swami Niranjan logo depois da Convenção, no qual ele explica esse grande movimento e um vídeo com belas imagens dessa Celebração. 

Hari Om Tat Sat
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Swami Niranjanananda Saraswati
Akhara, Ganga Darshan Vishwa Yogapeeth, Munger, 6 de novembro de 2013.

Chegamos ao final das celebrações, que tiveram um ano de duração, do Jubileu de Ouro da Bihar School of Yoga, com um Sri Yantra Abhisheka criado nos solos sagrados de Akhara em comemoração ao Mahasamadhi (liberação final experimentada na partida do espírito para fora do corpo) do nosso Guru Sri Swami Satyananda Saraswati.
A jornada das comemorações do Jubileu de Ouro

A jornada das comemorações do Jubileu de Ouro começou em 2009 no mês de junho, quando, certo dia, Paramahamsaji me disse que o Jubileu de Ouro da Bihar School of Yoga em 2013 estava se aproximando. Ele disse: “Você vai comemorar, certo?", ao que eu rebati: “Claro!” Então, ele falou, em hindi: “Khoob dhoom dham se manana”, que literalmente quer dizer “Comemore com pompa e esplendor”, ao que eu respondi: “Será como você deseja”.
Depois, em dezembro de 2009, Sri Swamiji alcançou Mahasamadhi e não houve tempo para pensar na Convenção. Após a conclusão de todas as formalidades do Shradhanjali (homenagem) para o Sri Swamiji, no dia 6 de fevereiro de 2012, após criar o Sri Yantra Abhisheka em Akhara, fui para o meu quarto e pratiquei Yoga Nidra (relaxamento consciente). Enquanto eu praticava Yoga Nidra, senti que informações eram descarregadas no meu cérebro. Na manhã seguinte, 7 de fevereiro de 2012, chamei uma Sannyasi (renunciante), pedindo-lhe: “Venha com um caderno novo”. Ela veio com o caderno, e eu lhe falei: “Agora sente-se e comece a anotar o que eu disser!” Durante três horas, eu ditei coisas a ela, que preencheu o caderno todo de 364 páginas com o programa completo e detalhado da Convenção, com tarefas para cada dia, semana, mês, departamento e pessoas – tudo foi traçado ali. Depois, falei: “Lembre-me sobre a Convenção depois do Guru Poornima (celebração ao Dia do Guru) 2013.” Até então, tudo o que havia sido transferido ao meu cérebro naquela noite tinha sido anotado.

Sri Yantra Abhisheka - Foto: Avahan 

Em seguida, começamos as atividades de preparação do Jubileu de Ouro e da Convenção Mundial de Yoga, e eu pensava qual deveria ser o tema de tal Convenção. A tradição e a cultura espiritual e Yogi na Índia se tornou como uma enorme árvore baniana (árvore típica indiana) - em sua sombra, os Yogis meditam, mas também em sua sombra os ladrões, assaltantes e bandidos contam o dinheiro que roubaram. É a grande sombra da espiritualidade, sob a qual todos nós sentamos. Alguns sentam-se como Tapasvis (aquele que pratica austeridades ou penitência), Yogis (adepto do Yoga) e Sadhakas (praticantes), outros sentam-se como oportunistas comerciais, para divulgar suas próprias agendas.

A pureza da tradição e dos ensinamentos
Pertencemos à uma tradição cujos corpos luminosos sentam-se como Tapasvis, Yogis e Sadhakas na grande sombra da espiritualidade. Isso se vê desde os tempos do nosso Paramguru (Guru do nosso Guru), Sri Swami Sivananda Saraswati. Nada do que ele fez foi para ter ganhos comerciais através de sua sabedoria, seu conhecimento e seu poder. Embora fosse uma pessoa muito popular e famosa, houve épocas em que não havia nada para comer no Ashram (comunidade Yogi). Seu lema e ideal era serviço sem apego aos resultados e nenhum acúmulo de bens nem poder para si próprio. Ele foi um Tapasvi, um Yogi, um Siddha (ser realizado) e um Sevak (praticante de Seva – serviço voluntário).
Esse mesmo espírito vemos resplandecer em nosso Guru, Sri Swamiji. Apesar de ter todas as opções e oportunidades para “se tornar o Messias”, ele escolheu o caminho da Tyaga (renúnica), Tapasya (disciplina rigorosa), Yoga e serviço desinteressado (sem apego aos resultados). Ele não desejou nada para si próprio, ou para seu próprio status, nome ou fama. A única motivação em sua vida, e a única inspiração que ele teve para todos que com ele entraram em contato, era a de trazer um sorriso de felicidade aos rostos das pessoas e enxugar as lágrimas de dor e tristeza.

Esses Tapasvsis e Siddhas criaram a base para a propagação do Yoga e da espiritualidade, o que a Bihar School of Yoga fez nos últimos 15 anos e continua fazendo. É uma base muito sólida e esperamos que as gerações futuras mantenham a pureza, a divindade, e os aspectos clássicos e tradicionais da espiritualidade e do Yoga. É isso o que permanece, não os extras, não os suplementos que as pessoas adicionam ao tema espiritualidade ou Yoga. Todos esses suplementos, na forma de Yoga quente ou fria, Power Yoga (um dos estilos de Yoga) ou não, são somente indicações de uma mentalidade: ser identificado de maneira diferente, ganhar nome e fama, e ser guiado por motivações financeiras e comerciais. Essa é a realidade, a verdade.
Portanto, se alguém quiser ajudar a comunidade em uma tradição ou na ciência, é importante ter Vidya (conhecimento), para que a pureza, integridade e divindade da tradição e dos ensinamentos sejam mantidas.  Caso contrário, apesar de todos os Vidyas do mundo, não haverá salvação, nenhum crescimento e nenhuma evolução para a humanidade. A Bihar School of Yoga e o Ganga Darshan Vishwa Yogapeeth têm tentado manter os sistemas e ensinamentos de espiritualidade e Yoga puros e intactos, sem as influências e as imposições das pessoas e da sociedade, como ensinados pelo Sri Swami Sivananda.

Se você vier para Ganga Darshan, lembre-se que este é um lugar onde disciplina e cultura Yogi têm que ser absorvidos. Não é um lugar para passar o tempo na forma de vida espiritual. Essa é a inspiração que vemos na vida do Sri Swami Sivananda e do Sri Swami Satyananda, e é a base da tradição da Bihar Yoga, de Ganga Darshan Vishwa Yogapeeth, Munger.
O desenvolvimento do Yoga

Nos últimos 50 anos, Yoga se tornou uma palavra familiar. Cinquenta anos atrás, o Sri Swamiji proferiu que o Yoga seria a cultura do amanhã. Cinquenta anos atrás, o Sri Swami Sivananda anunciou a missão: “Espalhar o Yoga de porta em porta, e de costa a costa”. Passaram-se 50 anos desde o pronunciamento dessa missão, e o Yoga foi de porta em porta e de costa a costa – como uma prática, um modo de vida, um tema acadêmico, um tema de pesquisa, e um tema a ser implementado na vida de uma pessoa. Yoga se tornou uma palavra familiar. A missão dada para o Sri Swamiji por seu Guru Sri Swami Sivananda foi realizada: não falta mais nada e a missão foi concluída e finalizada.

Aula de Yoga na BYS

Durante esses 50 anos, também vimos o desejo e o pronunciamento do Sri Swamiji de que o Yoga se tornaria a cultura do amanhã, visto que um número maior de pessoas ficariam cientes do que o Yoga tem a oferecer - não somente em termos de prática e saúde física, mas também para a saúde e prática mental, e para ciência espiritual e prática espiritual. As pessoas estão percebendo que o Yoga não é uma religião, e o que o Yoga almeja é diferente do que a religião almeja.
Muitos tipos de Yoga surgiram no mundo, alguns focando no aspecto físico, outros no aspecto mental, e alguns concentrando-se no aspecto pseudo religioso e espiritual do yoga. Entretanto, nesses últimos 50 anos, durante os quais fui testemunha do desenvolvimento do Yoga no mundo e vi o esforço feito para a propagação do Yoga por parte do meu Guru e outras pessoas que o seguem, incluindo eu, descobrimos que, mesmo hoje, o entendimento sobre o Yoga é incompleto tanto no Oriente quanto no Ocidente.
Se olharmos para a sociedade e os estúdios e Centros de Yoga que existem na Índia e em outros países ao redor do mundo, o que eles estão fazendo, o que estão ensinando? Estão ensinando Hatha Yoga (em geral, as posturas) para diminuir a cintura: isso destrói a finalidade do Yoga. Ensinam Asanas (posições psicofísicas) e Pranayama (técnicas de respiração) para a saúde: isso também destrói a finalidade do Yoga. Se olharmos para os centros de Hatha Yoga (Yoga para purificar o corpo e amente) ao redor do mundo, eles estão ensinando apenas 1/10 do Yoga. Os centros de Raja Yoga (Yoga do despertar da consciência através da meditação ) no mundo estão apenas ensinando 1/10 do Yoga. Os centros de Gyana Yoga (Yoga do conhecimento) estão apenas ensinando 1/10 do Yoga, e o mesmo para os centros de Bhakti Yoga (Yoga da devoção) ao redor do mundo. Quantos centros há no mundo que ensinam o Yoga holístico, conforme concebido pelo Sri Swami Sivananda e propagado pelo Sri Swami Satyananda? Somente alguns. Embora os centros de Hatha Yoga e Raja Yoga venham a desvanecer nos próximos cinco anos, por favor, observe, a necessidade de se praticar o Yoga para o desenvolvimento de uma personalidade humana integrada vai se multiplicar. Nesse aspecto, o Satyananda Yoga tem muito a oferecer e contribuir.
Seriedade, Sinceridade e Comprometimento



Portanto, ao pensar qual deveria ser o tema da Convenção Mundial de Yoga em 2013, eu escolhi três ideias: seriedade, sinceridade e comprometimento para com o Yoga. Estou usando três palavras muito específicas que não são nada abstratas. Sinceridade: vai de cada pessoa saber o quanto entende sobre o Yoga. Se for sincero, a pessoa saberá o que significa, e se não for sincero, jamais saberá o significado da palavra sinceridade.
Seriedade significa se aprofundar em algo. O Sri Swamiji costumava dizer que, se você quer pegar água do solo, não cave 50 buracos de 30 cm cada. Ao invés disso, cave um buraco de 15 metros e você achará água. Os professores e alunos de Yoga hoje são como essas pessoas que cavam cem buracos de apenas 30 cm. Portanto, elas ainda não são iluminadas, ainda não despertaram sua Kundalini (energia espiritual adormecida), e ainda não conseguem encarar seus próprios humores e estresses, apesar de estarem envolvidas com o Yoga há 20, 30, 40 anos. As pessoas ainda não têm esse controle sobre os Vrittis (perturbações da mente). Por isso, seriedade, sinceridade e comprometimento têm que se tornar palavras que todo aspirante de Yoga segue e exala e vivencia. Este é a declaração da Bihar School of Yoga e Ganga Darshan Vishwa Yogapeeth. A Bihar School of Yoga é o Swami Sivananda, Swami Satyananda e Swami Niranjanananda. É o espírito desses três e de ninguém mais – uma quarta pessoa não será adicionada.
O novo mundo do Yoga

Esta tradição, que nos foi passada do Sri Swami Sivananda para o Sri Swami Satyananda e para nós, vai ser a tradição do futuro.  Anote essas palavras. Esta Convenção é o degrau a ser subido para o novo mundo do Yoga, que se desenvolverá e evoluirá nos próximos anos.  Como resultado desta Convenção, muitas coisas substituirão os velhos sistemas e métodos. Dentro de um ano, você verá os novos métodos e os novos sistemas que serão implementados. Aqueles que seguirem este sistema e esta tradição serão chamados de professores e instrutores oficiais do Satyananda Yoga. Os que não seguirem, mas foram treinados aqui, estarão livres para se auto-intitularem professores de Yoga, mas definitivamente não professores de Satyananda Yoga. Não me importo que poderá haver apenas dez professores de Satyananda Yoga no mundo, enquanto o resto será professores de Yoga. Esses dez terão a responsabilidade de garantir que a divindade e a pureza da tradição não se enfraqueça.
Nos próximos anos, uma nova direção e uma nova motivação serão dadas para todos os aspirantes, professores e alunos de Yoga. Aqueles que tiverem capacidade participarão, e os que não tiverem capacidade serão testemunhas do desenvolvimento de algo muito mais sustentável e importante, muito mais intenso e poderoso, que tocará a vida das pessoas. Esta é a visão da Convenção Mundial de Yoga, esta é a visão da Bihar School of Yoga, cujo Jubileu de Ouro comemoramos em 2013, e esta é a oferenda de todos nós para nosso Guru Parampara Sri Swami Sivananda e Sri Swami Satyananda.
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Veja o filme com imagens da Convenção:


Fonte
http://www.biharyoga.net

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

ANTAR MOUNA: quatro encontros


Comece o mês de Novembro com uma das técnicas de meditação mais poderosas para o autoconhecimento.



Maiores Informações:
Satyananda Yoga Center
(31) 3296-2869

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

YOGA: A CIÊNCIA DA VIDA


Swami Niranjanananda Saraswati

Texto de:
Swami Niranjanananda Saraswati
Austrália, 1995

Recentemente, conheci duas pessoas, que começaram a me fazer perguntas. A fim de entender o que elas estavam tentando dizer, lhes perguntei: “Descreva o que é isso em minha mão”. Uma delas disse: “Você segura um copo de água metade vazio”. A outra falou: “Você segura um copo de água metade cheio”. Eu sabia que a pessoa que disse que o copo estava metade cheio era otimista, e a outra, que disse que o copo estava metade vazio, era pessimista.

As perguntas que as pessoas fazem nunca mudam. São as respostas que mudam de acordo com a nossa situação, nossas circunstâncias, nosso estado de espírito e nossa capacidade de entender a resposta. Mas as perguntas são sempre as mesmas. Essa é uma característica do ser humano. Como seres humanos, vivemos uma existência linear. Quando progredimos nessa existência linear, esse movimento é conhecido como ‘evolução’. A evolução é vivenciada diariamente, em cada vida, e também na dimensão cósmica onde o infinito é o fator predominante, não o plano finito da existência.

O Yoga entra na vida de alguém em determinado momento para fornecer respostas para a pergunta sobre o propósito de sua existência. Não entenda isso de forma filosófica e abstrata, pois o Yoga não é um sistema filosófico nem um modo abstrato de pensar; ao contrário, é uma forma de pensar muito direta, precisa e clara. O sistema todo do Yoga se dedica a obtermos compreensão da nossa natureza, mente, vida e existência. Portanto, o Yoga é conhecido como a ciência da vida. No entanto, a fim de entender o aspecto pleno do Yoga, temos que dividir o tema em três partes: filosofia do Yoga, psicologia do Yoga e Yoga aplicado.

Filosofia do Yoga


A filosofia do Yoga diz que estamos em um processo constante de evolução. Nossa consciência está constantemente mudando e evoluindo, e essa evolução pode ser vista agora no nível do intelecto. Podemos não compreender algo até que nosso intelecto interfira. Pensamos sobre o assunto, o analisamos, o ponderamos e depois o aceitamos. Quando aceitamos uma situação, não há conflito, mas se não a aceitamos, se não tivermos certeza de algo, há conflito e confusão.

Na nossa condição atual, o conceito de evolução linear está muitíssimo associado ao aspecto do intelecto, ou Buddhi na terminologia do Yoga. É o intelecto que diz: “Certo, entendo isso e, porque entendo, posso apreciá-lo e aceitá-lo” ou “Eu não entendo isso, portanto, vou rejeitá-lo”. É assim que fazemos em nossa jornada da vida. As coisas que aconteceram no passado permanecem conosco na forma de memória, na forma de experiência. Segundo o Yoga, essas memórias e experiências podem ser tanto agradáveis quanto dolorosas. A mente humana gira constantemente em torno dessas memórias e experiências. No entanto, um esforço deve ser feito para sair desse condicionamento terreno.

Yoga Sutra Patanjali

Por que devemos nos afastar do condicionamento mundano? Por causa da evolução. Porque há possibilidades infinitas que estão adormecidas dentro de nós e das quais não temos ciência. Há a possibilidade de obter ciência total em nossa vida, mas não estamos atentos a isso. Obter ciência total é o objetivo do Yoga. A fim de chegar a esse nível, que é o resultado de uma consciência integrada, deve-se haver empenho para alterar certos condicionamentos que inibem e restringem as expressões das nossas mentes e da nossa consciência. Os Yoga Sutras de Patanjali (primeiro tratado sistemático do Yoga) afirmam que o Yoga é a cessação das atividades mentais conhecidas como Chitta Vrittis.




Essa é uma afirmação muito importante do Yoga. As atividades mentais, que são resultado do condicionamento externo, manifesto, social, emocional, pessoal e cultural, têm que ser transcendidas. Quando conseguimos ir além do limite normal de percepção, descobrimos que há outro nível de existência e experiência. Toda a filosofia Yoguica baseia-se na compreensão de que precisamos mudar. Ninguém conseguiu definir 'consciência’. Freud e Jung falaram sobre inconsciente, mas não é a declaração final na psicologia moderna.

O primeiro carro criado por Ford tinha um design muito básico. Suponhamos que ele tenha começado a falar sobre instalar ar-condicionado, o que não existia naquela época. Da mesma maneira, quando o conceito de consciência humana foi discutido no começo do século, os psicólogos lançaram ideias sobre outra consciência, a qual eles chamaram de inconsciente. Entretanto, eles estavam apenas fazendo conjeturas sobre uma atividade pouquíssimo conhecida da consciência total, enquanto o Yoga sempre instruiu que há um grande potencial dentro de nós, o qual recebeu o nome específico de Kundalini.

O despertar da Kundalini, a força cósmica oculta dentro das camadas mais profundas da nossa consciência, é o propósito da vida. Se compararmos esse conceito do Yoga com o entendimento moderno, vemos que muitas das ideias são similares. Neste exato momento, por exemplo, a ciência moderna nos diz que estamos usando somente um décimo das faculdades do nosso cérebro, cerca de 10%, e que os centros restantes estão adormecidos. Isso significa que, no momento, nosso entendimento da natureza humana é muito limitado. Agora conseguimos operar no nível consciente através da mente racional, mas mesmo assim o conceito e a visão da nossa percepção e do estar ciente é muito limitada.  Não somos capazes de harmonizar, entender e ativar por completo o potencial da mente consciente.

Nesse sentido, funcionamos dentro de uma área muito limitada de expressão criativa. Os Yogis afirmam que há um estado de realização completa, mas para alcançar esse nível de existência, tem que haver continuidade na evolução e experiência da consciência. Com essa visão em mente, a ciência do Yoga então evoluiu. Os Yogis e profetas também compreenderam que é difícil um indivíduo descobrir sua própria natureza, e entender, observar e harmonizar as suas próprias expressões. Por que é difícil?

Psicologia do Yoga

Tendemos a vivenciar quatro fatores na vida. O primeiro são os pontos fortes. Cada um de nós tem certos pontos fortes dentro de si. Nosso ponto forte pode ser clareza da mente ou força de vontade, mas ao mesmo tempo, também sofremos com nossas fraquezas inerentes. Essas fraquezas podem ser complexos de inferioridade, diferentes inibições ou falta de força de vontade. Muitas vezes, podemos ver que nossos pontos fortes são ofuscados por nossas fraquezas. Se olharmos objetivamente para nossas próprias vidas no dia a dia, veremos que somos muito influenciados por nossas fraquezas e, como resultado, sofremos de ansiedade, depressão, insônia, raiva, frustração e assim por diante. Não conseguimos administrar os fatores limitantes da nossa vida que se manifestam na forma de fraquezas. Desse modo, surgem problemas psicológicos, mentais e emocionais.

Liberte-se

A ambição e a necessidade são outros dois fatores que influenciam bastante nossa formação psicológica. Todos nós temos certas ambições e elas são os fatores motivadores que nos movem pela vida. Aquilo que almejamos, como status social e uma vida feliz e confortável, e o que desejamos nos tornar são ambições. Além de ambição, há certas necessidades que podem ser físicas, mentais, emocionais, psíquicas ou espirituais. Devido à intensidade do fator limitante na forma de fraqueza, muitas vezes confundimos ambição com necessidade. Sentimos que as ambições são as nossas necessidades, e tendemos a ignorar as necessidades reais do nosso corpo, da nossa mente e das nossas emoções.

Assim, há um conflito em nossas vidas entre pontos fortes e fraquezas, e entre ambição e necessidade. Não conseguimos administrar essas situações com uma mente clara. A fim de nos ajudar, o Yoga novamente entra e diz: “Torne-se ciente”. Essa é a regra básica do Yoga: desenvolva ciência e percepção, de forma que você possa observar si próprio, suas qualidades e seus pontos fortes. É nesse ponto que a psicologia do Yoga realmente começa, fazendo-nos confrontar a mente e ficar em paz com ela. Não existe lutar conosco ou com nossas vidas. Quando ficamos em paz conosco, há aceitação com base na compreensão da natureza humana e da personalidade.

Harmonizando as emoções

É assim que temos que lidar com o que se passa na nossa cabeça. Devemos ver como nossos pontos fortes, fraquezas, ambições e necessidades podem ser complementados, equilibrados e harmonizados. E devemos ver como o potencial criativo da nossa mente (intelecto) e do nosso coração (sentimentos e emoções) pode ser canalizado na direção correta. Paramahamsa Satyananda diz que as emoções são o fator mais poderoso na vida de um indivíduo. Sentimos uma emoção e nos conectamos aos outros de acordo com essa emoção. Quando vemos um estranho, um amigo, um inimigo, nosso filho ou filha, surge uma emoção, um sentimento. Se temos uma crença religiosa, há uma emoção relacionada com essa crença. Ver alguém que amamos e respeitamos desperta um sentimento, uma emoção.

Vivemos em um mundo cheio de emoções. O principal conflito na vida humana deve-se à desarmonia no campo das emoções, não no intelecto. Essa desarmonia às vezes se manifesta na forma de raiva, ódio, ciúme, frustração, amor, afeto, felicidade ou tristeza. Portanto, na nossa vida interagimos, na verdade, nada mais do que com emoções. Quando a razão entra e conseguimos entender a situação adequadamente, então damos um passo e progredimos. A fim de entender o que está acontecendo em nossos corações, deve haver alguma forma de auto-observação. Se você me perguntar o que Yoga significa, eu diria 'auto-observação’.

O Yoga não é apenas um conjunto de posturas físicas que fazemos. Claro que praticamos Asanas (posições psicofísicas), mas essas posições são apenas um aspecto do Yoga. O que esperamos ganhar com a prática de posturas, técnicas de respiração, meditação e relaxamento? Apenas alívio temporário de estresse e ansiedade? O Yoga é definitivamente usado para reduzir o nível de estresse e tensão em nossas vidas. O Yoga é também usado para corrigir a mentalidade destrutiva que se manifesta externamente devido à desarmonia das emoções.

Apenas como exemplo, nossos Swamis visitaram 24 prisões centrais e estaduais em Bihar, Índia, como parte de um projeto de três meses para ensinar Yoga para detentos em prisão perpétua. O objetivo era corrigir a mentalidade negativa desses presos e ajudá-los a desenvolver uma atitude positiva e perspectiva de vida para que pudessem vivenciar harmonia e tranquilidade. Esse projeto importante foi realizado porque o governo reconheceu que o Yoga poderia ajudar essas pessoas. O Yoga tem algo de concreto para contribuir seja na área terapêutica, no tratamento de artrite, câncer ou AIDS, ou na administração de problemas psicológicos.

A necessidade atual

No entanto, mais do que esse alívio sintomático, o Yoga tem algo único a oferecer, que são os recursos para se tornar ciente de si mesmo a fim de evoluir na vida. Essa é a mensagem mais importante do Yoga. É claro que leva tempo para ganhar esse tipo de entendimento, pois temos que passar por certas experiências na vida. Enquanto não passamos por essas experiências, não podemos apreciar a beleza do Yoga. Há muitos cursos disponíveis em diferentes Ashrams (comunidade Yogi) e Centros de Yoga, onde é possível aprender o aspecto físico ou meditativo do Yoga, mas nossa necessidade real é diferente hoje.

Nossa necessidade é de compreender o desequilíbrio na estrutura emocional e harmonizá-lo. Quando conseguimos harmonizar esse desequilíbrio, a qualidade da mente muda. Podemos viver no mesmo mundo, mas nossa visão muda. Se colocarmos óculos cor de rosa, veremos o mundo nessa cor. Se colocarmos óculos pretos, veremos o mundo em cor preta. Se colocarmos óculos transparentes, veremos o mundo na sua cor real. Portanto, o Yoga diz: primeiro de tudo, observe-se. Cada ação, seja ela positiva ou negativa, deve ser realizada estando ciente e atento. Para qualquer coisa que você fizer, certifique-se de que é para desenvolver sua natureza criativa e isso também inspira os outros. Se as ações que você realiza não são construtivas e geram conflito, confusão, dor e sofrimento, esse não é o jeito Yoguico.

As ações que você realiza devem ser inspiradoras para sua própria mente e consciência e para os outros. Quando você consegue induzir um nível diferente de ciência e atenção através das ações que realiza, então essa ação é Yoguica. No entanto, essa ciência e atenção tem que ser combinada com certas disciplinas na vida, as quais têm que ser vistas de uma perspectiva diferente. Disciplina não é uma rotina imposta onde há horários fixos para acordar, para dormir e para comer. O conceito Yoguico de disciplina significa estar em controle das faculdades que você expressa na sua vida e direcioná-las para criatividade e positividade. Esse é o conceito de educação Yoguico.

Entendimento pleno do Yoga



O Yoga tem sido entendido de maneiras diferentes em épocas diferentes. Para muitos de nós, o Yoga era apenas uma série de exercícios físicos, um método para obter relaxamento após passar por situações estressantes, ou um método para aprender meditação a fim de chegar ao centro do nosso ser mais íntimo. Entretanto, falhamos em todos esses objetivos porque nunca atingimos um entendimento pleno do Yoga nas nossas vidas nem mesmo em nossa própria interpretação pessoal. A fim de auxiliar nesse processo de desenvolver um entendimento pleno do Yoga, estabelecemos o Bihar Yoga Bharati, esperando que se tornará a primeira universidade de Yoga do mundo. Esse instituto oferece, no momento, cursos de formação e especialização em filosofia do Yoga, psicologia do Yoga e Yoga aplicado, e, no futuro, haverá cursos de ecologia do Yoga e ciências ambientais e vários outros temas que abordam integração e harmonização da vida com a natureza e com a consciência cósmica.

É um grande passo dado. Temos que mudar nossa perspectiva e nosso entendimento. Quando conseguimos fazê-lo, o Yoga de fato cria raízes em nossas vidas. Sannyasa é um estilo de vida que eu e outras pessoas escolheram. O Yoga não tem nada a ver com estilo de vida. O Yoga oferece pensamentos e ideias alternativas para entender a totalidade da vida, e é um sistema de compreensão, e de administração da mente, do corpo, das emoções e de si próprio. É tudo. É esse entendimento do Yoga que precisamos ter para que possamos tornar nossas ações uma expressão criativa da nossa consciência.

Nosso Guru diz que, na vida de cada ser humano, há três faculdades ou qualidades mais importantes: mente, coração e mãos – intelecto, emoção e execução. Quando conseguimos integrar essas três qualidades, nos tornamos um ser humano completo. Esse é o conceito de ser humano completo que Aurobindo chamou de 'super-homem’ e que os Yogis chamam de ‘aquele que se compreende’. Ter compreensão de si mesmo é um evento muito prático na vida de cada pessoa; não é um evento filosófico ou religioso. Yoga é compreender a natureza que governa nossa personalidade individual e também a personalidade cósmica. Portanto, temos que ter muita clareza do que queremos do Yoga. Se quisermos práticas físicas para nos sentir bem, essas práticas existem. Se quisermos técnicas de relaxamento para aliviar estresse e tensão, elas também existem. Temos que parar por aí ou podemos continuar? Podemos prosseguir e esse deve ser nosso objetivo.



Fonte
http://www.yogamag.net

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

PRANA VIDYA COM SWAMI ANANDANANDA


Swami Anandananda na Casa do Guru - Foto: SYC
No inicio do mês de Outubro, tivemos a honra de receber na Casa do Guru Swami Anandananda Saraswati, discípulo de Sri Swami Satyananda. Foi um lindo Seminário de fim de semana,  onde ele falou sobre a prática de Prana Vidya.
Segundo Swami Satyananda, Prana Vidya é uma prática de meditação sobre a força vital dentro do corpo. É uma prática poderosa, um Sadhana completa em si mesmo, e tem o potencial para iniciar a partir de Pratyahara a estados profundos de meditação. Prana Vidya harmoniza o Prana, controla os caprichos da mente, expande a capacidade Prânica, desenvolve a capacidade de controlar o Prana e, assim sendo, direciona a consciência em esferas mais profundas de seu próprio ser.
No encontro com Swami Ananandananda, ele ensinou os primeiros estágios para iniciarmos nessa prática sútil, mas poderosa do Prana Vidya, através da teoria e prática.  Ela começa com técnicas que despertam o Prana adormecido dentro do corpo Prânico. De acordo com Swami Anandananda o Prana no contexto do Yoga não tem importância apenas pelo que ele faz, mas algo muito mais profundo. O Prana é a existência eterna, existência sem interrupção, existência da criação da vida, é qualquer coisa manifesta. Essa forma fundamental de energia tem duas dimensões: a macrocósmica, ou seja, universal; e a microcósmica, a individual. Já Vidya é o conhecimento dessa existência, não só no micro, mas no macrocósmico. 
A explicação nas palavras de Sri Swami Satyananda que ao nível do indivíduo, Prana é a energia vital que flui no interior do corpo para manter todos os órgãos vivos e ativos. Esta força de vida individual é uma parte do Prana universal, apenas uma parte da consciência individual é da consciência universal. Vidya significa meditação ou conhecimento. Assim, Prana Vidya significa conhecimento da força da vida, meditação sobre a força da vida, ou realização da força da vida - primeiro a nível individual e, eventualmente, a nível cósmico.
Nesse encontro, Swami Anandananda explicou também a importância de praticarmos Shatkarmas, para eliminarmos as impurezas do corpo, no qual temos que mantê-las sempre no mínimo. O excesso de alguma coisa em algum lugar significa que há um vazio em algum outro lugar, e isto gera os desequilíbrios. Então a importâncias das práticas de purificação, para mantermos o corpo e a mente mais saudáveis e manter o esforço na prática, que é o verdadeiro Sadhana.
Outro fator importante para progredir nas práticas de Prana Vidya é a importância de desenvolvermos a capacidade respiratória. Temos que trabalhar com práticas respiratórias todos os dias, pois isto tem um efeito direto no Prana. Respiração não é Prana, mas sim uma expressão do Prana. Importante também conhecer, sentir e experimentar os cinco Pranas do nosso corpo energético que são: Prana, Apana, Samana, Udana e Vyana, todos estes interligados aos Chakras. Mooladhara Chakra é o responsável por  gerar  Prana, Manipura Chakra é o deposito de Prana e Ajana Chakra o que distribui e controla o Prana ao nosso corpo/mente.
Além disso, Swami Anandananda falou um pouco dos cinco elementos: terra, água, fogo, ar e éter, que é à base de toda criação. Toda forma de vida corresponde aos cinco elementos, que também estão interligados ao Prana.

Imagem Sri Swami Satyananda
Tivemos também nesse encontro, uma prática de Yogasana com Swami Aghorananda e um profundo e relaxante Yoga Nidra com Gangadhara Saraswati, ambos representantes da Bihar School of Yoga no Brasil e coordenadores da Casa do Guru.  No final do sábado realizamos um Havan (ritual Hindu que envolve uma cerimônia de fogo) com vocalização do Maha Mrityunjaya Mantra e no domingo dia 05 a comemoração do Guru Sadhana que é o dia em que homenageamos o Maha Samadhi  (liberação final experimentado na partida do espírito através corpo) de Sri Swami Satyananda. Este Sadhana não é simplesmente uma homenagem a alguém que partiu, mas uma reverência a todos os ensinamentos e energia deixados pelo grande Guru Sri Satyananda.  É um meio de oferecer a devoção, lembrança e culto a Sri Swamiji e entrar em alinhamento com as vibrações superiores da consciência iluminada que emanam no momento. 

Diante desse primeiro encontro ao conhecimento e experiência do Prana Vidya, cabe agora a cada participante continuar com as práticas desse primeiro estágio, pois um estágio leva ao outro e são obrigatórios para podermos aprofundar mais ainda nesta experiência. No final do encontro tivemos a alegria de saber que ano que vem teremos o Prana Vidya II. Agora é trabalhar em nós mesmos e aguardar a iluminada presença de Swami Anandananda Saraswati novamente na Casa do Guru, com esse conhecimento milenar para a evolução total da nossa personalidade e despertar da consciência. 

Abaixo algumas fotos do Seminário:

Sw Aghorananda, Anandananda e Gangadhara - Foto: Sutradhara

Yoga Nidra ministrado por Gangadhara - Foto: Sutradhara

Prática de Pranayama - Foto: SYC

Celebração Guru Bhakti -  Foto: Sutradhara

Havan com flores - Foto: Sutradhara

Sw Anandananda degustando fruta brasileira - Foto: Sutradhara

Havan

"Prana Vidya sintoniza todo o corpo para que ele possa brincar em uma linda melodia, a música maravilhosa e alegre da vida."
Sri Swamiji Satyananda Saraswati

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

WORKSHOP: Meditação dos Tantras com Swami Aghorananda Saraswati


Workshop com Swami Aghorananda em São Paulo, para quem deseja aprofundar
nos ensinamentos da Bihar School of Yoga
com poderosas técnicas de Meditação dos Tantras.




 " O curso vai ser composto de momentos teóricos e momentos de prática, nos quais daremos uma introdução e instrumentalização sobre os aspectos básicos e necessários para uma trajetória em direção ao estado meditativo, segundo a concepção do TantraVamos experimentar distintas técnicas de Pratyahara (abstração dos sentidos) e Dharana (direcionamento das ondas mentais) descritas nos Agama Shastras (escrituras tântricas), principalmente o Vijnana Bhairava Tantra (texto do século oito oriundo na região da Kashmira e dedicado ao caminho evolutivo do Yoga), que a Swami Satsangi (da Bihar) traduziu. É um curso para todos os praticantes de Yoga que desejam aprofundar-se na experiência do contato com sua personalidade psíquica e energética através da metodologia e fisiologia sutil do Tantra ".

Swami Aghorananda Saraswati

Maiores informações:
Karunananda Saraswati
e-mail: clauruschel@hotmail.com
Fone: (11) 97468-5393
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