domingo, 5 de abril de 2015

O OBJETIVO DA CONSCIÊNCIA



Por:
Swami Niranjanananda Saraswati
Tente manter a consciência constante e contínua, o objetivo espiritual. A consciência tem que ser exatamente como a de uma mãe, consciente de tudo o que o pequeno bebê faz em torno da cozinha, enquanto ela prepara o alimento. Ela não monitora continuamente o que o bebê faz, mas no momento oportuno, garante que ele está a salvo de todos os perigos e riscos. O que se reflete na atenção da mãe, também deve ser refletida na atenção de um Yogi.
Não há nenhuma necessidade de pensar constantemente: esta é a minha meta espiritual, minha aspiração, meu objetivo, mas, uma parte da mente tem que estar constantemente atenta a este objetivo. Com essa necessidade, há também uma expectativa, e esta vontade tem de ser sentida. Se você tem que encontrar com seu namorado ou namorada, à noite, a espera começa na parte da manhã. Você pode fazer qualquer outra coisa que é preciso fazer, mas você estará sempre olhando para a frente, para o momento do encontro com seu namorado ou namorada. Essa autoexpressão atenta que os Yogis (adepto do Yoga) tentam despertar é conhecida como o Drashta, a testemunha, o vidente, o observador. De acordo com o Yoga, para que esta atitude se torne permanente e de longa duração, você precisa ter autocontrole, você precisa ser capaz de administrar a mente. Primeiro, chitta vritti nirodha (verso 1-2 do Yoga Sutra de Pantajali, cujo significado é inibição das modificações da mente) e depois Drashta. Este é um método.
Outro método é o de um Bhakta. O Bhakta não é um devoto, um Bhakta é aquele que aprendeu a apreciar a si mesmo e o que ele é. É a aceitação de mim, como eu sou. Eu sou o que sou, com todas as qualidades, defeitos, comportamento excêntrico, comportamento positivo, bons e maus pensamentos. É aprender apreciar-se, aceitando as situações e experiências como parte do crescimento natural de cada um. Onde há crescimento, não é obrigatório ter conflito e dor. Este sofrimento pode tornar-se manifesto fisicamente, socialmente, materialmente, financeiramente, emocionalmente, espiritualmente ou psiquicamente, mas, a consciência de que 'eu passo por esta experiência' e não ser influenciado pela intensidade da experiência, são os sintomas de uma pessoa que medita. Eles são as expressões de uma pessoa que segue o caminho do Yoga, o caminho do Tantra (antiga ciência que busca a evolução da consciência e da qual se deriva o Yoga). Esta autoaceitação e autoapreciação com profunda consciência da existência desenvolve também o Drashta  Bhava, o aspecto testemunho de si mesmo. Assim, no processo do Yoga, há o manejo da mente e, em seguida, o aspecto Drashta é despertado. Nesta abordagem Tântrica, você é capaz de construir as qualidades já inerentes em você para desenvolver o aspecto do Drashta.
Naturalmente, o segundo caminho, embora pareça mais simples, é muito mais difícil e complexo. Quando estamos seguindo a mente, há uma sequência. Os padrões de pensamentos como medo, insegurança, associação, apego, carinho, gostos, desgostos, paz e agressões se manifestam de forma natural e espontânea na mente. No processo do Yoga, podemos tornar conscientes desses padrões e segui-los até o fim, mas, em uma vida em que você tem que ser natural e espontâneo, este processo se torna difícil. Em vez de se sujeitar aos caprichos dos gostos e desgostos, emoções, sentimentos e desejos, você tem que se tornar mais consciente das qualidades naturais inerentes em você. No entanto, uma vez que você entrar no padrão de perceber as qualidades que você possuí, nutrir e aplicar essas qualidades para a melhoria de sua vida pessoal e interações sociais, então as mudanças vibram.
Veja qual caminho é apropriado e aplicável a você. O caminho do Yoga não é para ser negado, nem o caminho do Bhakta, mas você tem que encontrar a sua estabilidade em um caminho ou outro, não há experimentação. Assim, a consciência atenta é o que tem de ser sustentada, não a consciência meditativa, porque a meditação é como um buraco negro, você é sugado para ele; e consciência atenta é como um buraco branco, você é arremessado a partir desse centro para fora.

Krishna e Arjuna
Essa orientação é a que Krishna deu a Arjuna,  muitas vezes no Bhagavad Gita: "Saia-te, venha para fora de teus padrões mentais, torna-te consciente do teu Dharma e vivas de acordo com as Leis do Dharma". Esqueça que você é o único que está sofrendo. O sofrimento é a lei da natureza. Sofremos quando alguém próximo nos deixa, sofremos quando temos que deixar alguma coisa, alguma região, algum lugar, alguma pessoa com quem temos desenvolvido uma estreita afinidade. O sofrimento é a lei da vida. Então, em vez de se identificar com o sofrimento, identifique-se com o Dharma. Expanda-se e cresça para fora. No crescimento o que sustenta é a consciência atenta. Você não tem que estar continuamente olhando algo para manter essa ideia pessoal ou objeto em mente, em foco. Viva uma vida natural, espontânea e mantenha a consciência atenta, então você pode experimentar a realização do Yoga em sua vida.
Ganga Darshan, 04 de dezembro de 2000
Fontehttp://www.yogamag.net/


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