Swami Satsangi no Satyananda Yoga Center-Belo Horizonte-MG-Brasil, em visita ao Brasil em 2011. |
Servir, Amar, Doar - O Yoga do século XXI.
Peethadhishwari* Swami Satyasangananda
Saraswati**
Rikhiapeeth, 11 de abril de 2020.
Onde
quer que eu vá hoje, vejo pessoas servindo, doando e amando. São médicos,
equipes médicas, polícia, voluntários, assistentes sociais, empresas, meios de
comunicação, governo e até mesmo o público em geral. Todos estão se unindo para
apoiar e ajudar aqueles que estão em perigo.
Bem
diante dos meus olhos nasce um poderoso exército mundial, que não acumula munições
e armas para capturar, controlar e destruir nações, pessoas e terras, mas usa
munição de serviço, amor e doação altruísta para capturar e destruir o inimigo
invisível à espreita em todos os continentes.
Neste
esforço universal de servir, amar e doar, mais do que nunca atualmente testemunhamos
a verdade védica "Vasudhaiva
Kutumbakam", o mundo inteiro é uma família do Divino.
Hoje, o espírito universal coletivo da
humanidade desperta lentamente, mas certo de que somos essencialmente UM.
Estamos percebendo que quando se trata da dura verdade de quão frágil é a vida
humana, todas as diferenças desaparecem. É necessária uma epidemia dessa
proporção para mostrar-nos que existem forças além do nosso controle e que não
distinguem entre nacionalidade, religião, casta, credo, gênero ou status.
Morte e doença atingem todos. Um vírus ou
bactéria não tem afinidade especial por ricos ou pobres. Pode atingir independentemente
qualquer pessoa a qualquer momento. Isso torna cada homem, mulher e criança,
cada um de nós muito, muito vulnerável. A vulnerabilidade leva à insegurança, a
insegurança leva ao medo e o medo anula completamente as vibrações alegres,
harmoniosas e pacíficas do cérebro. Logo o desespero subjacente se torna o
problema e não o vírus.
Swami
Satyananda me disse uma vez que se o mundo moderno não adotar o Yoga, entrará em depressão
civilizacional. Eu percebo hoje o que ele quis dizer com isso. Desespero, desânimo,
decepção levam à depressão. Muitos de nós comparamos o Yoga a Asanas ou
exercícios, Pranayama ou respiração
correta, relaxamento e meditação. Tudo isso é necessário e importantíssimo para
harmonizar, regular e equilibrar nossas energias.
No entanto, depois de revelar todas essas
práticas em detalhe de forma simples e científica, inspirar milhões em todo o
mundo, em cada continente a levar um estilo de vida Yogue, foi aqui em Rikhia que ele revelou e inspirou
milhões a levar uma vida divina. Ele disse que Servir, Amar e Doar é o Yoga do século XXI! Esse é o mandato que
ele deu a Rikhiapeeth (Ashram da tradição de Satyananda Yoga). Foi a inspiração de seu Guru
(guia espiritual), Swami Sivananda,
que disse a mais de cem anos atrás: “Servir, amar, purificar, meditar,
perceber, ser bom, fazer o bem, ser gentil, ser compassivo”.
De fato, que declaração visionária ou Sutra (aforismo sagrado) ele nos deu.
Viver uma Vida Divina é realizar a unidade ininterrupta e eterna da criação. A
matemática védica que Sri Swamiji me
ensinou foi que Um mais Um é igual a Um, diferentemente da matemática moderna,
que nos faz acreditar que um mais um é igual a dois. O conceito védico leva à
unidade e o outro se divide. União é força, divisão nos torna fracos. Temos que
decidir se queremos ser fortes ou fracos. Swamiji
nos mostrou o caminho e agora depende de nós.
Talvez não tenhamos entendido antes, foi
necessária uma catástrofe desta proporção para nos fazer refletir sobre a
verdade inabalável de que todos nós estamos interconectados e interdependentes
um do outro, bem como tudo na criação. Minha saúde e bem-estar dependem da sua
e, claramente, temos que começar a cuidar um do outro.
Os sinais que vejo ao meu redor da humanidade
se erguer para servir, amar e doar me fazem entender e apreciar profundamente
esse conceito cujas sementes Swami
Satyananda plantou aqui em Rikhiapeeth,
seu Tapobhumi (local de práticas
intensas) há mais de trinta anos. Em Rikhia,
praticamos esse Yoga todos os dias, a
cada segundo e momento de nossas vidas. Nosso dia começa e termina com as
atividades de Servir, Amar e Doar. Não precisamos de uma epidemia para perceber
que a dor do outro é a nossa, mesmo que ele não esteja relacionado a nós de alguma
maneira, que não receberemos nada em troca, talvez nem mesmo um agradecimento.
Como alguém pode dormir profundamente quando até uma criança vai para a cama
com fome? Swami Satyananda disse:
"Quanto tempo você viverá no frescor do seu ar condicionado quando houver
um fogo queimando lá fora".
Mais do que qualquer outra coisa que
retiramos dessa chamada de despertar mundial, é a necessidade de refletir e
introverter nossas vidas. Temos que estabelecer referências sobre o que é
significativo para a vida. Se não há vida, de que serve os milhões e trilhões
que desejamos o tempo todo. Poderia ser a benevolente Mãe Natureza nos guiando
sobre como viver uma vida mais saudável e feliz e, assim, moldar um mundo
melhor. O futuro será determinado pelas ações que tomamos hoje, vamos nos unir,
praticar o Yoga do século XXI, Servir
Amor, Dar, Purificar, Meditar, Realizar.
* Peetha significa um local de
aprendizado elevado e Ishwari significa Divindade que
preside este local, de maneira que Peethadishwari é
aquele que dirige um local de aprendizado elevado.
** Swami Satyasangananda Saraswati, popularmente
conhecida como Swami Satsangi, é guia espiritual e dirige Rikhiapeeth, Ashram da tradição de Satyananda
Yoga, em Rikya/Índia. Autora de vários livros sobre Yoga, Tantra
e Espiritualidade, dedica sua vida a implementar os três preceitos do Yoga
de servir, amar e doar na comunidade de Rikhia, que é considerado um dos
lugares mais pobres da Índia.
Sri Swami Satyananda Saraswati e Swami Sartsangi. Foto: BSY. |
Hari Om Tat Sat