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Swami Niranjanananda Saraswati |
Existem quatro fundamentos para o desenvolvimento, crescimento e sucesso na vida.
O primeiro é a convicção. Você tem que conhecer a natureza da vida e a natureza da vida é desempenho, Karma. Vida sem Karma, sem ação não é vida. No Bhagavad Gita, Krishna diz a Arjuna que toda a experiência de vida é uma experiência de ação, desde o nascimento até a morte. Quando envolvemos na ação, nossa mente prega truques, e quando tornamos vítimas dos truques da mente, sujeitamos às experiências de sucesso e fracasso. Correspondendo a isso, surge um sentimento particular de felicidade ou desânimo. Ambos representam um estado de espírito que se identifica com a experiência. A felicidade identifica com uma experiência agradável e o sofrimento indica uma experiência negativa. Portanto, felicidade ou sucesso, sofrimento ou fracasso, são resultados da identificação com a ação e com o mundo, com nossas aspirações, expectativas, motivações e desejos.
O mais importante em tudo isso é a convicção de que 'eu posso alcançar'. Se alguém tiver essa mentalidade e crença, isso levará ao desenvolvimento e ao crescimento. As pessoas se tornam realizadas ou fracassadas, mas na maioria das vezes identificam-se mais com as respostas e expectativas e menos com o processo de realização. O processo de realização é executar com a convicção, 'Eu posso'. Quando você sabe que pode, nada é impossível e a quem possui convicção sabe disto. O único truque é que você precisa se conectar com um estado de espírito positivo.
Você pode se conectar com um estado de espírito negativo ou positivo com convicção. Se sua convicção estiver relacionada a um estado mental negativo ou destrutivo, o resultado será negativo e destrutivo. Por outro lado, se você associar a convicção com o positivo, o resultado será auspicioso. Sem sabedoria, a convicção pode ser prejudicial. Com sabedoria, a convicção se torna uma força que transcende todas as barreiras humanas. Portanto, a convicção com positividade e com sabedoria, de que 'eu posso alcançar', é a primeira qualidade, e isso leva ao alcance da excelência e perfeição na vida.
O segundo fundamento é a participação e o envolvimento, continuando com o primeiro. Se a vida é Karma, se para ganho material, espiritual e paz mental temos que realizar Karma, então nossa participação com o Karma tem que ser total. Não pode haver rejeição de Karma de qualquer tipo, a qualquer momento, pois o Karma é a natureza da vida. Quanto mais você participa do Karma, mais você interage com a vida. O problema é que as pessoas não o veem como uma forma de melhorar sua própria natureza, habilidades e personalidade, porém uma vez que essa compreensão chegue, toda ação se torna uma ação prazerosa, mesmo a mais rotineira.
Algumas pessoas dizem que estão cansadas de rotinas. Pessoas que dizem isso não têm inclinação ou compreensão do que é Karma ou do que é Karma Yoga. Para eles, a participação na vida tornou-se rotina e, quando algo se torna rotina, fica estagnado e você fica entediado. Mas se a cada momento, se cada ação for vista como uma chance de melhorar suas habilidades, sua natureza e sua personalidade, então não importa quantas vezes você faça algo, a sensação será de que está sendo feito pela primeira e última vez, e que você está dando o melhor de si. Mesmo que você possa fazer a mesma coisa todos os dias durante vinte anos, cada dia será um novo dia e cada envolvimento será como se fosse o primeiro e o último envolvimento. E se vai ser o primeiro e o último, então dê o seu melhor. Por que dizer 'farei melhor amanhã' ou 'vou lidar com isso da próxima vez?’ Isso indica separação de envolvimento e participação. Se você adiar as coisas para a próxima vez, significa que não está interessado e, seja qual for a ação, ela parece pesada, como um fardo. As oportunidades de crescimento, desenvolvimento e sucesso surgem se houver participação absoluta e total.
O terceiro fundamento é a confiança. Confiar em quê? Na vida de cada pessoa existe alguém que a inspira, que a incentiva a descobrir algo melhor, e a confiança tem que estar nessa pessoa. Pode ser o Guru, um amigo ou um local onde o ambiente seja favorável e onde você se sinta livre. Qualquer lugar ou pessoa em que você possa sentir essa inspiração torna-se o objeto no qual você pode confiar. Afinal, mesmo os lugares se tornam centros de energia, Tirthas, onde a maioria dos desejos internos podem ser alcançados. Colocamos nossa confiança nos Tirthas, nas diferentes imagens e formas de Deus, ou na forma do Guru ou de algum amigo que nos inspira, sabendo que essa pessoa não nos decepcionará. Quando temos esse nível de confiança, a fama da inspiração continua queimando o tempo todo. Com a perda de confiança, essa inspiração e motivação morre.
Escolhemos nosso herói de acordo com nossas preferências, necessidades e mentalidade, mas o herói não é a estrela de Bollywood ou uma pessoa que vive no Ashram. O herói supremo deste mundo é Deus, a divindade e a pessoa por meio da qual a força, a energia divina flui para iluminar nossos próprios cantos sombrios e opacos da mente. Está é a pessoa digna de nossa confiança, que deve ser preservada e protegida de outras influências.
Quando você tem uma joia de ouro, você a usa ocasionalmente, você a protege do roubo, de olhos e mãos curiosas e só usa quando for necessário. Da mesma maneira, essa confiança deve ser protegida de outras influências.
A confiança é algo que não deve ser considerado levianamente. Quando você tem dúvidas, na verdade elas não são em relação ao Guru ou professor, mas em relação a você mesmo. Você está refletindo sua própria incapacidade de compreender, aprender e avançar. Você está sendo vítima de suas próprias fraquezas e, como não é capaz de compreendê-las, está lançando calúnias ao próximo. A desconfiança é a primeira ruptura que ocorre quando a vida se desvia de seu caminho e objetivo original, enquanto a confiança é um poder que ganha vida em você com pureza de intenção e identificação com a fonte de inspiração.
O quarto fundamento é a fé. Fé na Vontade Divina, na Vontade Cósmica. Identificar-se com a fé e o sentimento de 'Seja feita a Tua Vontade', em vez de se identificar com as reações e alegrias e acreditar que é o fazedor ou o desfrutador. Aprender a fluir de acordo com a Vontade Divina indica o desenvolvimento da fé. A fé não é apenas um conceito intelectual de que 'eu acredito nesta pessoa, eu tenho fé nisso, eu me entreguei a esse poder'. Se você tentar entender a confiança e a fé com o seu intelecto, cem por cento de fracasso é garantido, pois essas não são expressões do intelecto. Fé e confiança são expressões de um coração puro e inocente.
Fé e confiança, convicção e participação, constituem os alicerces para o desenvolvimento e crescimento de vida. Outras coisas, como sabedoria, consciência, discriminação e Satsanga, são acidentais. Eles são como as cobertas da cama. A cama é sustentada por quatro pernas: a convicção de que você pode se sobressair, a participação com a consciência de que esta é a primeira e a última vez que você se envolve em algo, a confiança e a fé. Estas são as pernas da cama em que você deita para ter um descanso tranquilo. Essas são as quatro pedras fundamentais da casa em que vivemos, onde podemos expressar nossas próprias forças. As outras qualidades são apenas decorações nos quartos, nada mais do que isso. Você pode decorar o seu quarto da maneira que quiser com essa virtude, com aquela qualidade, com essa compreensão, com essa percepção, essa é sua escolha. No entanto, os fundamentos básicos são a convicção, a participação, a confiança e a fé.
—1 de agosto de 2008, Ganga Darshan, Munger.
Hari Om Tat Sat
Fonte: yogamag.net