segunda-feira, 27 de abril de 2015

SATSANGA EM GANGA DARSHAN



É verdade que Jnana Yogis estão constantemente se perguntando 
“quem eu sou”?
Com 
Swami Niranjanananda Saraswati

Este é um conceito errôneo. Jnana significa conhecer, e um Yogi é aquele que está vivendo o que ele conhece. Portanto, um Ynana yogi é aquele que está estabelecido na sabedoria e tal pessoa não vai fazer perguntas estúpidas. Quando você viaja de trem de um lugar para outro, não é lógico ficar perguntando a si mesmo “onde eu estou?”, pois você está se movimentando e sabe que irá chegar ao seu destino. Da mesma forma, o Jnana Yogi, que está estabelecido na sabedoria, começa sua jornada com o foco em descobrir “quem eu sou?”, mas a pergunta surge apenas uma vez na vida, e não todo dia. Se ela surgisse todo dia, significaria que aquela pessoa não é um Jnana Yogi, mas que está preso num lugar e não pode seguir em frente. Quando o processo de descoberta começa, a pergunta é deixada de lado e cada dia é um novo dia. Esta descoberta continua até que o Jnana Yogi se estabeleça na sabedoria.

Para se estabelecer em alguma coisa e compreender sua importância, é necessário passar por um período de crise. Se todos no mundo fossem saudáveis, a medicina não existiria. Doença, morte e sofrimento levaram a pesquisas e ao avanço da medicina. Se nós mudamos de ideia, é porque uma ideia anterior foi destruída. Se há uma mudança na forma de pensar, é porque o pensamento anterior já não tem qualquer finalidade. A crise age como um catalizador para a mudança.

O primeiro capítulo do Bhagavad Gita é sobre Vishad Yoga, o Yoga do luto. É um conceito muito bonito. Se você está de luto e é capaz de fornecer uma direção a si mesmo, isto se torna Yoga. Se falhar em fornecer a você uma direção e adentrar no luto, então isso se torna um desequilíbrio. É como alcançar equilíbrio no estresse. Estresse negativo é chamado de distress, estresse positivo de eustress, e o ponto de equilíbrio é zero estresse. Se a corda de um arco está muito frouxa, não há estresse, não há força e o arco perde sua utilidade. Se a corda do arco está muito apertada, ele pode quebrar, pois o sofrimento é criado. Deve haver uma tensão certa.




Da mesma forma, em si mesmo o luto não é negativo ou ruim; é o gerenciamento do luto que é importante. Se nós somos capazes de dar uma direção para nossos pensamentos e energias, o luto se torna um fator para se criar uma mudança positiva e causar grandes realizações na vida. O mesmo luto, quando mal administrado, se torna uma doença ou desequilíbrio que governa o comportamento do seu corpo, do cérebro e da mente, gerando transpiração, boca seca, micção frequente, insônia, esgotamento nervoso.

Todos deveriam ter a experiência de luto positivo, não o luto como nós o entendemos, mas no seu sentido positivo, onde se há um desejo de mudança, percebendo-se a futilidade da condição em que se está vivendo. Quando esse estágio é alcançado, o processo de purificação começa. Ele aconteceu para Sri Rama, para Arjuna, para Buddha, para Cristo, para o profeta Maomé; aconteceu para tantas pessoas que se tornaram luminares no nosso mundo.

Sabendo bem que não podemos lidar com isso, nós não nos sujeitamos ao luto. Nosso esforço intenso, Tapasya, não é o luto, mas o prazer. Nós meditamos, pois há prazer na meditação. Nós gostamos de praticar Mantra (som ou vibração que libera e eleva a mente), pois há prazer no Mantra. Se nós não obtivéssemos prazer na meditação, nós nem a praticaríamos. Se não tivermos prazer de algo, não somos atraídos a ele. Mas aqui não estamos falando dessas coisas que nos dão prazer e, portanto, se tornam nosso Sadhana (disciplina ou prática de Yoga), mas daquelas coisas que nos dão oportunidade de mudar um padrão existente que foi a causa de nossa condição anterior. Luto é o catalizador para a transformação interior. Como buscadores, como aspirantes, nós temos que encarar esse luto dentro de nós e nos dar uma direção. 

Há um conceito muito bonito no Tantra (ciência que busca a evolução da consciência e da qual deriva o Yoga). A tradição diz que há onze Rudras que são manifestações de Shiva. O significado de Rudra é aquele que cria. Como uma pessoa que cria todo tempo pode ser identificada como uma manifestação de Shiva? Shiva é consciência e há várias camadas e estágios de progressão nessa consciência, definindo diferentes níveis de existência e experiência. Da mesma forma, os onze Rudras representam onze estágios de consciência e cada um tem um padrão, um desenho especifico, um Yantra (símbolo, figura geométrica) próprio e uma Mandala (círculo ou representação pictórica redonda) correspondente. Conforme nos movemos de um para o outro, há um desapego das coisas que anteriormente nos retinham. Quando essas coisas são deixadas de lado, o luto surge.

O luto pode ser experimentado de diferentes maneiras. Você pode ser um Drashta, uma testemunha, dele e isto é ensinado no Yoga. Você pode usar uma técnica meditativa, como Antar Mouna, para descobrir a causa real. Ou você pode praticar Swadhyaya (autoestudo) e analisar um estado no qual você se sentiu desamparado ou sem esperança e ver quais opções há para você superar e sair da situação.

Há sempre escolhas no mundo. A escolha certa nos torna bem sucedidos na vida. A sabedoria deve prevalecer onde somos capazes de fazer a escolha certa, não em seguir a errada. Se há uma fotografia de você mesmo deitado no chão e uma formiga vagar através dela, ela vai apenas ver manchas de cores, não sua face. Da mesma forma, quando nós estamos envolvidos em uma situação, nós não vemos o quadro todo, nós apenas vemos manchas. Nós estamos assustados por essas manchas sem sentido e nós não sabemos como lidar conosco mesmos naquela situação. Isto é conhecido como a força do prazer e da dor, do gostar ou desgostar. Nós ficamos tão envolvidos que sentimos que nós somos parte daquilo, mas, sendo capazes de nos observar, dando um passo atrás, isto é o conceito de Drashta. Ser capaz de administrar situações e passar por mudanças, crises e luto com uma mente otimista e positiva é Viveka. Viveka é lidar com a mente com sabedoria, mantendo-se não afetado pelas diferentes influências.

Se alguém diz que você é feio, ou bonito, essas palavras fazem uma diferença na sua mente e você reage. Este é apenas um pequeno exemplo do efeito que as palavras podem ter. Muitas outras coisas podem te afetar da mesma forma. Ser capaz de manter o equilíbrio é Sanyam. Quando nós podemos manter uma atitude de testemunho equilibrada, isto é conhecido como Vairagya, desapego. Nós podemos estar cercados por dinheiro, e ainda assim não ter atração por ele, estar cercados por pessoas e mesmo assim estar em total isolamento, estar no mundo e não pertencer a ele.




O exemplo clássico é o da flor de lótus. Ela cresce na água, é nutrida pela água, é cercada de água, não existe sem a água, e mesmo assim, as folhas e a flor não é afetada pela água e são absolutamente secas. É assim que um Yogi deve ser. Um Yogi é como um mágico que é capaz de administrar o psíquico, invisível e espiritual, o físico, material e sensorial e achar equilíbrio.

Fonte:
http://www.yogamag.net/


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