A vida pode ser dividida em duas
categorias: física e espiritual. A vida física pode ser Jada ou Chetana,
insensível ou sensível, e isso é um processo de evolução. A vida física
sensível começa como uma ameba e de acordo com o pensamento védico, o
desenvolvimento completo de oitocentos e quarenta mil Yonis ou formas de
vida, alcança o seu ápice com a forma humana.
A vida humana é a culminação da evolução
da vida física assim como o mestrado é a culminação da educação ou a morte é a
culminação da vida. Contudo, certos aspectos são comuns tanto para os seres
humanos quanto para todas as outras formas de vida. Um deles é a fome. Todas as
formas vivas requerem alimentação. Um inseto come, um elefante come, um porco
come e você come. O segundo é o sono. Por certo tempo à consciência de toda
forma de vida se move para o estado delta quer seja um cão, macaco ou pássaro.
Mesmo o vento vai dormir!
O terceiro aspecto em comum é o medo.
Toda forma viva experimenta medo e insegurança. Nos seres humanos o medo tem
variantes como: o medo da morte, doença, calúnia, punição a críticas e assim
por diante. Bhartrihari diz no Vairagya Shatakam (v.35):
Bhoge rogabhayam kule chyutibhayam vitte
nripalaadbhayam.
Nos
prazeres sensuais há o medo de doença, do estado de queda, na afluência da
ação.
A psicologia define várias categorias de
medo. “Eu vou enfrentar calúnia.” é um tipo de medo. “E se minha filha foge com
alguém!” é também um tipo de medo. Não há limite para o medo e todo mundo
enfrenta isso.
O quarto instinto comum para todas as
criaturas vivas é a copulação. O instinto sexual é o mesmo em todos os seres
vivos; ninguém está livre dele. Esqueça sobre Kabirdas ou Ramakrishna
Paramahamsa. Eles não eram seres humanos, eles não pertenciam à espécie
humana. Eles pertenciam a espécies espirituais, que é sobre o que nós estamos
falando.
Quando você entra na vida espiritual,
muitas mudanças se sucedem. Você passa por cima dos instintos naturais de fome,
sono, medo e sexualidade. Enquanto você estiver sob o controle das leis da
natureza, eles vão se manifestando em você e isso é a vida material. Quando
você segue as leis da natureza, você está vivendo uma vida material, uma vida
mundana e limitada. No entanto, de acordo com Mahamaya, o poder da
natureza manifestado, concedeu um presente único aos seres humanos. Ele disse:
Jnanam Narayanam ekaha visheshaha.
A
habilidade de conhecer o Supremo é um atributo especial (dos seres humanos).
Este é um direito especial que foi
concedido a você. Jnanam significa saber. Saber o que? “Eu sou.” Saber
que você e os outros existem; que ontem foi, hoje é e amanhã será; que uma
certa pessoa é seu pai, seu avô, ou seu bisavô; que você está falando, ouvindo
e entendendo. Jnana é o
conhecimento desse processo. É o conhecimento do tempo absoluto, passado,
presente e futuro. Jnana é “eu sei que eu sei que eu sou.”
Você está apto a entender o que eu estou
falando, mas um cão não entende isso. Ele olha para alguém e late, mas ele não
sabe por que está latindo. O comportamento de todas as diversas criaturas do
mundo é influenciado por seus instintos naturais, inatos. Nós também nos
comportamos e agimos de acordo com nossos instintos. Nossas lágrimas e choro
são influenciados por nosso Swabhava, instinto natural. Contudo, o que
nos define como seres humanos é que podemos mudar nosso comportamento através
da inspiração do conhecimento.
A vida espiritual começa com uma questão:
“Quem sou eu?” você começa a se perguntar: “De onde eu vim? Eu sou o corpo? Se
assim for, eu vou morrer em certa idade, eu não vou mais ser. Eu sou então
perecível? Os Upanishads dizem, ' Você é indestrutível.' Como eu posso
ser indestrutível se eu posso morrer? Eles dizem, 'seu corpo não é indestrutível;
você é indestrutível.' Quem sou eu, então?” Shankaracharya escreveu no Mohamudgar
(v.22):
Kastvam ko'ham kuta aayaatah kaa me
jananee ko me taatah; Itiparibhaavaya sarvamasaaram vishvam tyaktvaa
swapnavichaaram.
Quem
é você, quem sou eu, de onde eu vim, quem é minha mãe, quem é meu pai? Esta é a
essência de tudo. Desista desse mundo de sonho e pense sobre isso.
Esta é toda a vida espiritual. Rituais e
adoração não constituem a vida espiritual. Essa é a vida religiosa. A vida
espiritual significa o conhecimento do terceiro olho que o Supremo tem dado a
você. Com esse conhecimento, encontre a joia do Atman (espírito, suprema consciência) escondida dentro
de você.
Você terá que participar da vida
material. Não há outro caminho. Você terá que passar pela vida instintiva, mas
faça essas perguntas: “Quem eu sou? De onde eu vim? Qual é o caminho até a
minha chegada? Qual será o cais da minha partida?” Depois de assumir a forma
humana, faça estas perguntas. É quando você vai entrar na vida espiritual.
Progresso material e espiritual
O progresso material e espiritual são
dois lados de uma mesma moeda. Não há como separar os dois lados de uma moeda –
você só pode indicar a cara e a coroa, você não pode separar a prosperidade
material da espiritual. Dois termos diferentes foram atribuídos a eles, mas na
realidade eles são dependentes um do outro.
Geralmente se acredita que quando o
progresso material persegue uma pessoa, isso causa a sua queda. Contudo, eu
acredito que se uma pessoa é capaz de realizar uma tarefa por meio do poder da
sabedoria, vontade e dedicação, não será permitido a ela falhar. Se uma pessoa
pratica Yoga Nidra (técnica de relaxamento profundo), Dhyana (concentração), qualquer outra Anushthana (pratica especifica por um período de tempo requisitado) uma
prática fixa de Sadhana (prática espiritual ou disciplina realizada regularmente para a realização da experiência interior e auto-realização), ou Tapas, austeridade, ela aumenta o seu
poder da mente, e então seja o que for ela empreende benefícios à raça humana.
Nesse processo, a pessoa pode ganhar dinheiro, alcançar a fama e se tornar uma
figura histórica, mas isso não importa.
Afinal, a pessoa que descobriu a
eletricidade fez um bem imenso para a humanidade. A pessoa que descobriu que o
som das ondas pode viajar beneficiou a raça humana imensamente. Os objetos do
nosso uso diário foram criados por indivíduos. O quão alto deve ser a
consciência mental das pessoas que nos deram essas coisas para o nosso
bem-estar! Portanto, não podemos condenar a vida material. Para se destacar é
preciso ter uma consciência espiritual que beneficie a todos.
Sri Swamiji |
Satsanga realizado por Sri Swamiji no ano de 2000 em Rikhiapeeth.
Fonte: http://www.yogamag.net/
Fonte: http://www.yogamag.net/
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